27 de fevereiro de 2010

Estudo diz que sexo na mídia
estimula violência contra mulher


Um estudo divulgado nesta sexta-feira afirma que a exposição de crianças e adolescentes a conteúdo sexual na mídia vem reforçando a ideia da mulher como objeto de desejo e alvo de violência doméstica.
O relatório Sexualização dos Jovens, da psicóloga Linda Papadopoulos, encomendado pelo Ministério do Interior britânico, diz que os jovens estão cada vez mais expostos a conteúdo relacionado à sexualidade por meio de revistas, televisão, internet e aparelhos de celular, sem que os pais consigam controlar isso.
Segundo ela, esse conteúdo está “legitimando a ideia de que as mulheres existem para serem usadas e de que os homens existem para usá-las”.
Nesse contexto, a pesquisadora entende que a posição da mulher como alvo de violência doméstica acaba virando comum e até aceitável.

Da sexualidade à violência

O estudo diz que as crianças estão sendo cada vez mais retratadas como adultos, enquanto adultos são infantilizados, o que confunde as noções de maturidade e imaturidade sexual.
Além disso, tanto mulheres quanto homens são levados pela mídia a buscar um ideal de aparência física "fora da realidade”, o que resulta em “insatisfação com o próprio corpo, um reconhecido fator de risco para a autoestima, para depressão e distúrbios alimentares”.
“Um tema dominante em revistas parece ser a necessidade das garotas de se apresentarem como sexualmente desejáveis para atrair a atenção masculina”, diz o estudo.
Seguindo esse mesmo raciocínio de subserviência feminina, a violência contra as mulheres acaba sendo banalizada.
O relatório aponta que, desde 2004, a exibição na TV de cenas de violência contra a mulher cresceu 120%, enquanto as de agressão contra adolescentes aumentou 400% no período. Além disso, no cinema, 75% dos personagens e 83% dos narradores são homens.

Papel dos pais e da escola

Papadopoulos entende que essa lógica explica os resultados de uma pesquisa do Ministério do Interior britânico divulgada neste mês.
A análise revelou que 36% dos britânicos acreditam que, em caso de estupro, a mulher deve ser parcialmente responsabilizada se estiver bêbada, e 26% pensam assim no caso de a vítima estar usando roupas sensuais.
A psicóloga cita ainda o dado de que uma em cada três garotas britânicas entre 13 e 17 anos já teve de fazer sexo contra a sua vontade, enquanto 25% delas já sofreram algum tipo de violência física.
Para reverter esse quadro, o relatório defende que os pais acompanhem mais de perto como seus filhos usam a internet e seus celulares e que o Estado tome medidas para coibir a banalização da sexualidade.
A pesquisadora também recomenda que as escolas tragam essa discussão sobre a igualdade de gênero para as salas de aula.
Fonte: BBC Brasil

Por: Canavarro
Infelizmente alguns resultados de estudos só são expostos quando já está quase que insuportável uma determinada situação. Como é o caso da violência contra a mulher.
Somos ‘acostumados’ e até de certa forma ‘conformados’ com a exposição de tudo quanto é tipo de conteúdo para nossas crianças e adolescentes. Aos olhos deles, é certo e justo que a mulher seja um objeto de satisfação para o homem em todos os sentidos. Essa é a ‘educação’ que recebemos, os exemplos que somos acostumados a ver.
O que me deixa indignada é que quando há a iniciativa de alguém para combater esse mal, sempre há algo para ameaçar. A Lei Maria da Penha por exemplo. É uma lei que procura punir com rigor aqueles que agem com violência contra a mulher. E muito mais, educa. Pois quem vê o vizinho ser preso por bater na esposa, não vai querer o mesmo tratamento e acaba por desistir de continuar com as agressões com a esposa. No entanto, há um projeto de lei no Senado para mudar o Código Penal. Esse projeto, se aprovado, banalizará a condenação do agressor para pagamentos com cestas básicas ou indenizações, em outras palavras, uma porta imensamente aberta para a impunidade.

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