Uma nova “estrela”
firma-se na
política brasileira
A grande surpresa das eleições de domingo no Brasil não é a clara vantagem de Dilma Rousseff, a "herdeira" de Lula, nem o registro eleitoral de José Serra, o representante da aliança de centro-direita
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Alfredo Prado
A grande surpresa das eleições de domingo no Brasil não é a clara vantagem de Dilma Rousseff, a "herdeira" de Lula, nem o registro eleitoral de José Serra, o representante da aliança de centro-direita. Não é também a eleição de Romário, a ex-estrela do futebol brasileiro, para deputado federal.
A necessidade de realizar um segundo turno para definir quem será o sucessor de Lula no Palácio do Planalto também não surpreende. A generalidade das pesquisas realizadas nos último dias mostravam resultados indefinidos quanto às preferências dos mais de 135 milhões de eleitores brasileiros que foram às urnas domingo para escolher o presidente da República, governadores estaduais, senadores e deputados.

A vantagem de Dilma Rousseff sobre o seu mais direto opositor, José Serra, do PSDB, não era ignorada. Com o apoio de Lula, que conclui no final de dezembro o seu segundo mandato com um índice de popularidade que ronda os 80 por cento, o que é um feito na política brasileira das últimas décadas, Dilma Rousseff partiu para a campanha eleitoral com a garra que lhe é conhecida, mas também com o poderoso apoio de Lula e da máquina governamental.
As promessas de continuidade das políticas públicas e dos subsídios sociais, que captam os votos de milhões de eleitores sobretudo nas regiões mais pobres do país, foram e são um argumento decisivo na hora de escolher em quem votar.
Dificilmente José Serra conseguiria, com o seu estilo “burocrático” e discurso elitista, reverter a vantagem de Dilma Rousseff. Mas conseguiu um fato notável, tendo em conta a conjuntura desfavorável em que se lançou na campanha, ao levar para o último dia de outubro a decisão.
No entanto, os números mostram que há uma surpresa, sim; que uma nova “estrela” se firma na política brasileira. Uma “estrela” que será mais cortejada nos próximos tempos que qualquer um dos atuais ídolos brasileiros: ela é Marina Silva.
Com cerca de 20 por cento dos votos, Marina Silva, senadora, ex-ministra do Ambiente do governo Lula, e uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores, foi muito além dos militantes e simpatizantes do Partido Verde ao qual associou o seu nome. Tudo indica que a candidata, de confissão religiosa evangélica, não só conquistou o voto de muitos crentes, mas também o voto ético de milhões de brasileiros, simpatizantes do Partido dos Trabalhadores, que nos últimos anos se decepcionaram com os escândalos políticos em que se envolveram figuras destacadas do partido.
A posição que Marina Silva irá assumir nos próximos dias em relação ao segundo turno poderá fazer a diferença. Marina já não é candidata ao Palácio do Planalto, mas o seu voto vale hoje muito mais do que valeu algum dia. Dilma Rousseff conhece agora o peso político de Marina Silva.
Enquanto isso, Aécio Neves, o ex-governador de Minas Gerais, do PSDB, que recusou ser o número dois de Serra na corrida à Presidência, tem bons motivos para olhar para o futuro com otimismo. A folgada vitória de Antonio Anastasia , o seu candidato ao governo de Minas Gerais, e a previsível derrota de Serra no segundo turno abrem caminho ao tucano para voos mais largos em 2014. Mas, tal como a dinâmica economia brasileira, também os caminhos políticos do país são, por vezes, tortuosos. Quem se alia a quem será o grande tema dos próximos dias.
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