11 de fevereiro de 2011

CHAN’2011–PALANCAS NEGRAS

LITO VIDIGAL
sabe bem o que quer
LITO VIDIGAL, técnico angolano
recém nomeado seleccionador nacional de futebol de Angola
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Texto: Betumeliano Ferrão, em Port Sudão     Fotografia: M. Machangongo
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A ansiedade é como uma estrada de dois sentidos. Por essa razão, o seleccionador Lito Vidigal exortou os jogadores a fazerem a escolha acertada, pois esse é o único caminho capaz de levá-los aos píncaros da glória.“Eu digo sempre que a ansiedade é positiva, mas é quando basta, quando a controlamos”, esclareceu o treinador angolano 

Por causa da escassez de contactos internacionais, a maioria dos atletas entrou em campo com os joelhos vacilantes e não queriam ver a bola por perto, reconheceu o timoneiro dos Palancas Negras.“Quem olhar para o nosso onze, vai reparar que entramos com muitos jogadores sem experiência internacional, muitos deles só participaram em amistosos, então, é normal que apareçam com muita imaturidade, e isso ficou evidente no elevado número de perdas de bolas que tivemos nos minutos iniciais”, referiu o técnico.

Para Vidigal, se os Palancas Negras conseguissem controlar as emoções, poderiam ter alcançado um resultado mais positivo. “Também me senti frustrado com o empate”, afirmou, acrescentando que “o trabalho da nova equipa começou e acreditamos na chegada de dias melhores”. Uma vitória na estreia poderia ter encurtado o caminho da qualificação ao combinado angolano, mas o técnico considera que as contas do apuramento nem por isso estão complicadas, porque os Palancas Negras empataram com um adversário directo.
“Evitamos que a Tunísia fizesse três pontos, tivemos coragem e uma atitude mental extraordinária. Esse é o aspecto positivo”, justificou. Apesar de pedir paciência a quem se apressa a cobrar resultados, Lito Vidigal diz já ter motivos para sorrir, porque em pouco mais de três semanas conseguiu ver a sua marca em campo, já que “a equipa apresentou uma nova maneira de jogar”.
Ninguém gosta de perder, mas essa realidade, às vezes, é irreversível, sobretudo quando se tem pela frente um adversário de maior gabarito. O seleccionador angolano admitiu que, por mais força de vontade que os atletas demonstrem em campo, nem sempre vão ter motivos para comemorar. “Quanto mais fortes forem as outras equipas, mas difíceis as coisas se vão tornar, teremos menos chances porque os outros são mais fortes”, enfatizou.
Enquanto esse dia não chegar, os Palancas Negras jamais vão virar a cara à luta. A fé num resultado positivo vai mover montanhas. Lito Vidigal mostra-se esperançado nesse sentido, ao sublinhar: “Temos de entrar mais descontraídos diante de um adversário difícil e temos de lutar muito, tendo sempre em mente que é possível virar as coisas a nossa favor”.
Seleccionador quer reparar
prejuízos diante do Senegal

Vidigal quer recuperar com uma vitória os pontos perdidos na estreia com os tunisinos. Os Palancas Negras anseiam concertar amanhã, com uma vitória sobre o Senegal, os prejuízos causados pelos dois pontos perdidos no empate com a Tunísia, reafirmou ontem o seleccionador Lito Vidigal. O técnico pretende ver o combinado angolano entreabrir a porta da qualificação, pois só assim evita entrar na derradeira jornada de calculadora na mão.
Ao contrário da concorrência, os senegaleses tiveram aproveitamento de cem por cento e agora só precisam de mais três pontos para chegar à segunda fase. A Selecção angolana promete fazer pela vida para anular essa vantagem do adversário. “Eles já têm três pontos e estão mais seguros do que nós. Apenas precisam de mais um triunfo para se apurarem, então, vamos ter de correr outra vez atrás do prejuízo”, disse Lito Vidigal.
O seleccionador angolano indigitou um dos seus adjuntos para espiar o Senegal-Ruanda, e a atenta observação ao adversário de amanhã só veio confirmar o que ele já sabia, em face dos jovens atletas senegaleses que chegou a treinar em Portugal, e outros tantos talentos que anualmente são contratados por equipas de toda a Europa.
Esse êxodo de senegaleses para o velho continente, evidencia a boa qualidade do seu produto interno, pelo que o treinador angolano exortou os seus pupilos a redobrarem a concentração, pois o adversário também acredita até ao fim, e demonstrou isso na prática, ao marcar os dois golos da vitória sobre o Ruanda nos cinco minutos finais.
“Eles têm uma equipa forte e bem estruturada, isso vai dificultar ainda mais as coisas para nós”, afirmou Lito Vidigal. Embora elogie a boa qualidade do seu oponente, Angola vai entrar em campo sem receitas especiais, com o único propósito de espalhar o seu futebol pela relva sintética do Estádio de Porto Sudão. “Todos os adversários são diferentes. O mais importante para nós é manter a nossa filosofia de jogo, e acima de tudo, continuar a acreditar sempre que podemos vencer todos os desafios”, afirmou o seleccionador.
Por se ter mostrado satisfeito pela maneira positiva como os Palancas Negras souberam reagir às adversidades, Lito Vidigal deixou ler nas entrelinhas que tem a intenção de voltar a apostar no mesmo onze da estreia, a saber: Lama; Mingo Bile, Fabrício, Kaly (cap) e Miguel; Nary, Osório, Hugo, Job e Amaro; Love.
Técnico nacional pede tempo
para apresentar frutos maduros

Todas as sementes lançadas ao solo por Lito Vidigal estão a germinar com êxito, mas, mesmo assim, ele pede uma paciente atitude de espera a quem deseja saborear de imediato os frutos da sementeira. “Estou a trabalhar há 22 dias, com viagens à mistura, então, isso não dá os mesmos dias de trabalho efectivo, portanto, apenas posso prometer trabalho, muita dedicação e uma atitude tremenda para vencer todos os adversários”, garantiu.
Os campos ainda não estão totalmente desbravados, assim a colheita ainda vai ter de esperar, mas o seleccionador angolano explica as razões reais da sua tranquilidade: “Estamos cada vez mais organizados. Conseguimos alterar a forma de jogar dos nossos atletas, mas vamos continuar a correr riscos para podermos colher frutos. Essa é a nossa meta”, perspectivou. Durante a contenda com a Tunísia, Angola teve várias oscilações de rendimento, mas Lito Vidigal voltou a apontar a inexperiência dos jogadores como tendo contribuído para esta fraca prestação.
“Temos muitos atletas com pouco mais de quatro internacionalizações. Isso é complicado para quem disputa provas duras como o CHAN”, reafirmou. O mais importante, para ele, é ver em cada lance individual ou colectivo, com ou sem bola, que conseguiu inculcar algo de positivo na mente dos Palancas Negras. Enquanto espera o tempo de colher uma safra de bons frutos, capazes de alegrar a nação futebolística, o técnico nacional aproveitou para alertar que todo o ser humano comete erros. No melhor pano cai a nódoa, diz o provérbio, motivo suficiente para ele considerar normais algumas pechas que possam surgir na actuação do combinado angolano.
“Não existem equipas perfeitas”, disse o treinador nacional. “Elas nunca estão no máximo, têm sempre de melhorar. A nossa selecção precisa de melhorar em todos os aspectos, mas essa é uma questão evolutiva, porque há sempre aspectos a melhorar. Mesmo assim, já conseguimos ter coragem e uma atitude extraordinária. Se mantivermos esta atitude competitiva, se lutarmos até ao fim, vamos estar mais próximos de vencer do que de perder”, concluiu.
Suplentes podem aquecer
sempre que quiserem

O seleccionador nacional admitiu que devido ao mau posicionamento ou a uma perda de bola em zona perigosa, Angola expôs-se demais ao contra-ataque tunisino, mas este foi apenas um passo em falso dado pelos jogadores no afã de chegar ao empate, que vai ser corrigido oportunamente.“O importante é que a equipa não se partiu. Tínhamos de arriscar, então é normal que tenhamos deixado espaços interiores, que o adversário quase aproveitou para sentir o jogo em contra-golpe”, justificou o técnico.
Por orientação do seleccionador Lito Vidigal, todos os jogadores suplentes têm a liberdade de ir para o aquecimento tão logo o árbitro sopre o apito inicial. O técnico justificou ao Jornal dos Desportos esta mexida, afirmando que esta é a maneira mais prática e eficaz de operar imediatamente a substituição de um atleta lesionado.
Durante o desafio com a Tunísia, os Palancas sentados no banco acataram estas orientações, pelomque foi possível ver um número anormal de jogadores a efectuar aquecimentos ao mesmo tempo, quando parecia não haver razões plausíveis. “Mal o jogo comece eles podem levantar-se. Sempre foi assim em todas as minhas equipas”, satisfez a nossa curiosidade o seleccionador Lito Vidigal.
Moutinho defende trabalho
psicológico nos Palancas

O presidente da Associação Provincial da Huíla de Futebol (APF), Fernando Moutinho, defendeu hoje, no Lubango, a necessidade de se intensificar o trabalho psicológico na Selecção Nacional, que considera o aspecto mais frágil. Falando à Angop, um dia depois do empate (1-1) dos Palancas Negras diante da Tunísia, disse ser importante que a Selecção deixe de “temer os adversários e entre com determinação nos desafios e, para isso, é necessário haver um trabalho psicológico forte”.
Fernando Moutinho pediu aos atletas que entrem tranquilos e com espírito ganhador, acatando as recomendações do treinador para conseguirem resultados positivos. O presidente da APF na Huíla lembrou que, normalmente, a Selecção inicia os jogos amedrontada e logo nos primeiros minutos sofre pressão e acaba por consentir golos. Sobre o desafio de segunda-feira, o dirigente disse ter gostado apenas do resultado, porquanto a exibição esteve abaixo das expectativas.
Estreantes dos Palancas
prometem nova atitude

Humildes em assumir o erro, os internacionais angolanos admitiram ter demorado a controlar as emoções e isso quase lhes adiou a estreia em fases finais do CHAN. Mas, como a prova dos nove já passou, os atletas Fabrício e Hugo garantiram que os jogadores aprenderam uma boa lição e agora estão bem mais preparados para entrar de cara lavada diante do Senegal.
Os Palancas Negras querem evitar fazer tudo na última jornada. Garantem usar a experiência adquirida para vencer o Senegal, pois isso significaria um passo firme em direcção à qualificação.“O objectivo agora é ganhar o segundo jogo. Era nossa intenção obter uma vitória frente à Tunísia, mas entramos mal e acabamos por empatar”, afirmou o jovem central Fabrício.
Embora a parelha no centro com Kaly precise de tempo para actuar com mais harmonia, o defesa dos Palancas Negras diz sentir-se bem a actuar ao lado de um colega cheio de experiência, com o qual tem aprendido muito, como fica demonstrado pela boa sincronia entre os dois,“O treinador tem pedido a toda a defesa para melhorar o seu rigor, felizmente, as coisas têm saído bem à dupla de centrais”, disse Fabrício.
Apesar da expectativa do desafio com o Senegal, o médio Hugo quer melhorar o seu desempenho na sexta-feira, se voltar a figurar na equipa inicial. “Estou a trabalhar para fazer o meu melhor. Na próxima, as coisas vão ser diferentes. Todos queremos contribuir com outro tipo de atitude para não voltarmos a sofrer um golo muito cedo, senão, vamos voltar a querer fazer tudo às pressas, como sucedeu contra a Tunísia”, afirmou.
A vitória senegalesa sobre o Ruanda é meio caminho andado para a qualificação, mas o nosso interlocutor reafirmou que, no balneário dos Palancas Negras, ninguém tem o hábito de fazer contas alheias.“Estamos apenas preocupados connosco. O Senegal fez a sua parte, agora chegou a nossa vez, portanto, temos de ser mais serenos para alcançarmos este objectivo”, augurou.
Job expressa vontade de vencer
O médio da selecção nacional Ricardo Estêvão “Job” garantiu, na terça-feira, em Porto Sudão, a determinação da equipa na busca de resultados positivos no CHAN’2011. Em declarações à Angop, o jogador afirmou que depois do empate (1-1) na estreia do Grupo D, na segunda-feira, com a Tunísia, o conjunto angolano está mais adaptado e galvanizado para enfrentar os próximos adversários.  
“Vamos defrontar o Senegal, que é o primeiro classificado da nossa série. Por isso, estamos a preparar-nos com afinco e humildade para alcançarmos os nossos objectivos”, disse. Acrescentou que os futebolistas angolanos estão conscientes das dificuldades que ainda vão encontrar ao longo da prova, mas tudo vão fazer para contrariar o relativo favoritismo das outras equipas presentes.
“Já nos adaptamos ligeiramente ao relvado e ao clima, que é um pouco idêntico ao nosso. Isso leva-nos a crer que estão criadas as condições para o cumprimento da nossa missão, que é passarmos a primeira fase e depois vermos o que é possível”, frisou. Angola defronta, na próxima sexta-feira, na segunda jornada, a sua congénere do Senegal, no Estádio Internacional de Porto Sudão.
REPASSADO – Jornal dos Desportos, Luanda, on-line

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