26 de setembro de 2011

Golpada na Pastelândia

Empresário brasileiro em maus lençois por fraude e fuga

O empresário brasileiro Marcos Eduardo Regina, que se apresenta como fundador e sócio-maioritário da rede “Pastelândia, Famiglia Regina e Burber Land” no Brasil, acusa a empresa Build Angola de não ter honrado o contrato de parceria celebrado com a sua firma, razão pela qual deverá retirar a marca Pastelândia que as lojas utilizam em território angolano.

PAULO MARINHO, sócio angolano, esclarece adiante:

“Começámos a ficar desconfiados com os caixas porque os números nunca batiam certo, por isso tiveram problemas com a Polícia Económica, inclusive o Marcos que diz que volta em Outubro vai entrar e a primeira visita será na Polícia Económica que tem um mandato de captura contra ele. Porque saiu fugido, não cumpriu algumas normas e a Polícia lacrou a loja”,

Este post foi elaboado parcialmente e repassado integralmente do semanário de grande tiragem “O PAÍS”, editado em Luanda, da autoria de DANI COSTA

Primeiro num e-mail que distribuiu à imprensa angolana e posteriormente num contacto que manteve com este jornal, Marcos Regina, presidente da All Here Franchising, explica que vai recorrer à justiça para que a retirada da marca Pastelândia, que diz ter fundada, seja consumada.
“Em meados de 2009 fomos chamados pela empresa Build para implantar em Angola a marca e os produtos da Pastelândia, devido ao facto de já ter visitado o país em 2002, logo após o fim da guerra e mesmo com as dificuldades que o país passava no quesito de infra-estruturas, eu pessoalmente apaixonei-me pelo país, pelo povo e pelas oportunidades de trabalho que tínhamos para desenvolver os negócios”, contou Marcos Regina, explicando que “desta forma aceitei a proposta e propusemos uma sociedade no país para a marca com 50% de participação”.
A ‘parceria’ começou com uma carta de intenção, de acordo com o queixoso, cujas nuances seriam a representação em Angola entraria com a marca por 200 mil dólares norteamericanos, enquanto a sua empresa investiria 400 mil dólares em equipamentos após à entrada em funcionamento da fábrica de alimentos.

(Continuação »»»»»
O prazo estipulado para ingressarmos na sociedade regularizada pela Agência Nacional de Investimento
Privado (ANIP) foi em Abril de 2010, quando o investimento da Build Angola se igualava aos 200 mil dólares, segundo Marcos Regina, com a abertura da loja do Belas Shopping. Agora contam com seis lojas, espalhadas entre o Belas Shopping, estaleiro da empresa READ, Benfica, Maculusso e Viana Shopping, onde existe também uma outra loja, a Burgueland.
Marcos Regina realça que foi a partir do mês de Abril do ano passado que começou a sentir a falta de honestidade por parte dos sócios da Build Brasil, que alegava burocracias do governo angolano não conseguiram dar entrada dos documentos na ANIP. Depois de algumas investigações dizem ter descoberto que os parceiros aproveitavam-se da falta de experiência deles no mercado angolano, por isso atrasavam o processo.
“Dois sócios da Pastelândia estiveram pessoalmente em Angola para assinar procurações e fazer as devidas autenticações para que fosse dada a entrada dos documentos na ANIP, mas, por incrível que pareça, esses documentos caducaram e eles não deram entrada”, garante o fundador da marca. A futura estrutura societária contaria com READI Limitada com 60 por cento, Marcos Eduardo Regina (25%), o seu filho Bruno de Oliveira Regina (3,0%) e o sócio Jorge Landman (12%). Os dois últimos são sócios de Marcos na All Here Franchising.
Mas o aparecimento do e-mail “a verdadeira história da Build Angola”, onde se apontava supostas irregularidades dos sócios desta firma, acabou por inquietar as relações com a Pastelândia/Brasil, que exigiu algumas explicações aos seus parceiros.
Insatisfeito com as respostas que foi recebendo, Marcos Regina alega que preferiu abandonar Angolano dia 28 de Janeiro deste ano, mas quatro meses depois firmou com os sócios da Build um outro documento denominado “Memorando de Intenções”, no Brasil. Previa que os seus sócios, que possuem outros negócios no domínio da construção civil, prestassem contas sobre os valores investidos por eles, mas o prazo de dois meses concordado acabou por vencer no dia 19 de Julho de 20011 e eles não apresentaram nada.
Neste momento, conta Marcos Regina, “a Build está com nove meses de facturamento sem sequer ter enviado um relatório gerencial e proibindo os funcionários de prestar esclarecimento a nós como sócios”. Acrescenta que está perante uma falta de “honestidade total e mostra bem como eles pensam do país: fazemos neste país o que queremos”.
O responsável da All Here Franchising revela que depois da sua saída a Build Angola terá invadido a casa da Pastelândia com pessoas estranhas ao negócio, dispensou todos os funcionários que deram o sangue para que o projecto acontecesse em 18 meses. “Mediante ameaças de todos os tipos nos mantiveram fora de Angola, nesse período descobrimos que o motivo foi que após o email da verdadeira história da Buid o facturamento deles foi a zero e eles precisavam das lojas da Pastelândia para poderem sobreviver”, garantiu Marcos Regina, revelando que a marca que fundou “não foi para Angola para ganhar dinheiro especulativo, fomos para desenvolver um projecto para a vida toda e que no futuro pudéssemos nos orgulhar de ter formado uma equipe de centenas de angolanos colaboradores da empresa e assim todos num único objectivo”.

POLÍCIA DESCONHECE DÍVIDA DE MAURO REGINA

Uma fonte da Polícia Económica assegurou a este jornal que actualmente não existe nenhum processo, tanto na sua direcção nacional ou na provincial de Luanda, relacionada com supostos desvios financeiros do empresário brasileiro Marcos Eduardo Regina.
A fonte, um oficial superior da corporação, confirmou que a sua instituição havia encerrado uma das lojas da Pastelândia em Luanda por causa da comercialização de produtos que estavam fora do prazo de validade.
“É a única coisa que posso avançar. E quando encerramos a loja, que está situada na auto-estrada, selamos o estabelecimento com papéis nosso, mas os responsáveis arrancaram e abriram o restaurante. Por isso, detivemos alguns dos funcionários porque incorreram no crime de desobediência, que é punível por lei”, disse o oficial da Polícia Económica, explicando que “se existisse alguma queixa sobre desvio teríamos conhecimento, tanto aqui na nacional como na direcção provincial”.
A referida operação foi desencadeada após à denúncia de alguns clientes, por isso contou com o apoio de técnicos do Ministério do Comércio.
O acusado, Marcos Regina também refutou as acusações feitas por Paulo Marinho. Segundo ele, o suposto desvio é totalmente infundado porque não manipulava o facturamento, tarefas incumbidas ao casal Jean e Vanessa.
“A minha companheira é nutricionista e ex-proprietária de alguns estabelecimentos de fast-food no Brasil. Foi comigo contratada pela Pastelândia Angola com salário como outras nutricionistas da empresa”, explicou Regina, realçando que “eu enviei ao Brasil apenas cinco por cento do facturamento das lojas como royalties pelo uso da marca no país, pois eles ainda não tinham comprado a marca para usar em Angola nem colocaram o meu nome na sociedade da ANIP”. O empresário Marcos Regina respondeu ainda que o seu filho recebia como sócio da empresa e a mulher como funcionária. Diz categoricamente que é o fundador e presidente da Pastelândia em quatro países e tem 70 por cento do capital da empresa detentora das marcas, All Here Franchising.
“O meu sócio Jorge Landman não me proibiu de falar da Pastelândia porque ele não pode fazer isso. Veja a carta de intenções e o memorando, caso eu não entrasse na sociedade eles teriam que pagar a quantia de 200 dólares e pagar royalties referentes ao uso mensal da marca. Pede o recibo da compra da marca, vais ver se eles dão!”, garantiu Marcos Regina. Por fim, o empresário negou que tenha fugido de Angola, como garante Paulo Marinho. Diz ter ido depois de deixar prontas e funcionando seis lojas. Um dia depois de regressar ao Brasil, Marcos disse que foi informado de que um cidadão identificado como “João Donato” tinha sido colocado no seu lugar. “Com essa quadrilha tentei retomar meu negócio na negociação, mas com esse tipo de gente não adianta. Peça-lhe que coloque os CPF ou RG de João Donato e do companheiro dele José Roberto Esteves”, rematou o empresário, prometendo mais desenvolvimento sobre o assunto em próximas edições deste jornal.

PAULO MARINHO
Comprámos a marca a 100 %

Sócio-gerente da Pastelândia, Paulo Marinho, disse a O PAÍS que compraram os direitos da marca no Brasil para que ela passasse a ser 100 por cento angolana, razão pela qual só eles podem ser os representantes no país.
“Isso está no contrato que temos aqui, se vocês quiserem posso mandar para o teu e-mail. O Marcos Regina hoje é um sócio minoritário da Pastelândia, o maioritário é Jorge Landman, que responde pela marca no Brasil, contactado por nós disse que vai tomar medidas a ele, porque também não pode falar em nome da marca”, garantiu Marinho, acrescentando que “baseado nestas mentiras entramos com uma acção contra ele de crime por difamação, calúnia e acção indemnizatória”.
O sócio-gerente explica que, antes destas denúncias, já tinham preparado uma outra acção por causa do incumprimento de Marcos Regina em relação a alguns contratos, depois de termos aberto a primeira loja no Belas Shopping.
Paulo Marinho explica que os únicos sócios da Pastelândia no país, ele, Ricardo Boer, Paulo Sodré e João Gualberto.
“Quando comprámos a marca, instalação e a transferência de nowhow, o Marcos decidiu vir para Angola para trabalhar connosco como gestor de operação. Ele tinha opção no contrato, que depois mando para vocês, de entrar na sociedade depois de três meses, na qual ele utilizaria o valor da marca que a gente comprou como integralização do capital. Se quisesse qualquer participação adicional devia fazer o aporte financeiro da parte dele ou em máquinas. O que não aconteceu até hoje”, disse ainda Paulo Marinho.
Realçou que colocaram na empresa mais de dois milhões de dólares, com provas, e exigiam que ele colocasse 400 mil dólares ou o equivalente em máquinas. As máquinas apresentadas por Marcos Regina, segundo Paulo Marinho, não valiam esse valor, considerando-as mesmo “sucatas”.
O empresário conta ainda que Marcos Regina ficou na gestão das lojas durante dois anos, isto até Fevereiro de 2011, e durante este período receberam dados contabilísticos falsificados. Segundo ele, começaram a ter problemas de qualidade de atendimento, qualidade e higiene das próprias lojas.
“Começámos a ficar desconfiados com os caixas porque os números nunca batiam certo, por isso tiveram problemas com a Polícia Económica, inclusive o Marcos que diz que volta em Outubro vai entrar e a primeira visita será na Polícia Económica que tem um mandato de captura contra ele. Porque saiu fugido, não cumpriu algumas normas e a Polícia lacrou a loja”, acrescentou Paulo Marinho.
Paulo imputa ainda a Marcos Regina a responsabilidade pelo encerramento da loja e a consequente prisão de alguns responsáveis da Pastelândia, situada na via expressa Cabolombo-Viana-Benfica.
O responsável da Pastelândia garante ainda que uma auditoria realizada na empresa detectou um buraco de cerca de 600 mil dólares norteamericanos. E ainda outro de 150 mil dólares, que diz ter sido enviado ao Brasil para contas do filho, Bruno, e da mulher Marise, uma antiga funcionária da instituição com quem mantém uma relação.

“Quando comprámos a marca, instalação e a transferência de knowhow, o Marcos decidiu vir para Angola para trabalhar connosco como gestor de operação.

“Toda a semana ele mandava cinco mil dólares para o Brasil. Ele fazia Real Transfers, o casal Jean e Vanessa nos alertaram”, acrescentou Paulo Marinho, reconhecendo que “não houve nada na ANIP porque ele próprio não deu entrada. Quem abriu a Pastelândia é o António Silva”.
O empresário defende que nenhum dos dois acordos rubricados com o fundador da marca tem validade em Angola, por supostos incumprimentos deste. “Tudo que falei com vocês tenho provas. Vou passar para vocês”, rematou.
Até ao fecho desta edição, Paulo Marinho não enviou as supostas provas que diz possuir, embora tenha ficado com o e-mail do nosso jornal.
“Quando comprámos a marca, instalação e a transferência de knowhow, o Marcos decidiu vir para Angola para trabalhar connosco como gestor de operação.

Dani Costa

1 comentário:

  1. Talvez seja por causa de tantos desfalques que muitos funcionários da Build Angola ficaram meses e meses sem receber seus salários. Alguns voltaram ao Brasil e nunca verão a cor do dinheiro que lhes é devido, outros brasileiros continuam em Angola com 4 meses de salários atrasados.

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