15 de fevereiro de 2012

EMPREGO EM ANGOLA


Formação, recursos humanos, turismo e construção
são alguns dos sectores que procuram quadros

Depois da explosão da construção,
 agora são os sectores da formação
 e TiC a precisar de pessoas





Angola está a crescer e precisa de profissionais qualificados para as áreas das tecnologias da informação, da formação profissional, dos serviços de ‘back-office' e do turismo. Com uma economia em desenvolvimento e um mercado florescente, o país acolhe os portugueses que emigram para Angola com salários elevados e um ambiente cheio de desafios.
"Angola encontra-se num período de acelerado desenvolvimento comercial e económico", considera a AICEP, que aponta um crescimento das importações entre Portugal e aquele país, de 2010 para 2011, na ordem dos 82%. "Assim, no âmbito da diversificação da actividade dos sectores económicos que está a ser desenvolvida por Angola, existe uma necessidade estratégica de recursos qualificados", acrescenta a AICEP.
O perfil dos portugueses que vão para Angola também está a mudar, soube o Diário Económico. Hoje, são sobretudo jovens profissionais, que levam a família, e que vão trabalhar para sectores cada vez mais diversificados, como a formação em recursos humanos e as tecnologias de informação, a par de sectores mais tradicionais como a construção.
"É fácil encontrar uma oportunidade de trabalho, porque há necessidade de recursos qualificados no país", corrobora José Bancaleiro, managing partner da Stanton Chase International, empresa de ‘executive search'.
As áreas em que se encontra mais emprego são "as áreas das Tecnologias de Informação TIC's, da formação profissional, dos serviços de ‘back-office' e do turismo, que são áreas da actividade económica que estão em crescimento", realça a AICEP. No entanto, "dada a política de diversificação de sectores que a economia angolana atravessa actualmente, todos os sectores produtivos são de considerar", acrescenta.
José Bancaleiro destaca como os sectores que procuram mais mão-de-obra, "a construção civil, a manutenção, a metalomecânica, o petróleo e a hotelaria." O ‘managing partner' da Stanton Chase frisa ainda que "em termos de competências, os profissionais ganham, obrigatoriamente, flexibilidade, resiliência, capacidade de adaptação, de gestão da mudança, de gestão intercultural." Um dos principais desafios que vão encontrar é que "têm de estar sempre a procurar soluções para tudo."
A adaptação pode não ser fácil, mas compensa, diz ainda José Bancaleiro. "É difícil a adaptação a Angola, as pessoas têm de ser resilientes", opina Bancaleiro. Porém, "a vantagem é que os salários compensam", lembra. "As pessoas vão ganhar pelo menos o dobro líquido do que ganham em Portugal", garante José Bancaleiro.
E ir trabalhar para Angola compensa também para "ganhar experiência numa sociedade diferente, em rápida evolução e onde se vê que podemos contribuir com a nossa experiência de vida e trabalho e acelerar o desenvolvimento económico e social", diz Francisco Botelho, director executivo do Sol Angola.
Ana Águas conta que o país compensa também por outras razões. A técnica de recursos humanos da Score Distribuição já foi a um casamento angolano e já passeou pelo país, o que "é de aproveitar."
Mas, aponta, é "um desafio" viver e trabalhar em Luanda, seja pelo trânsito caótico, seja pelo tempo de espera nos serviços, ou simplesmente por que o custo de vida é muito mais alto do que aquele a que estamos habituados em Portugal.
"Em Luanda um pequeno apartamento pode custar dois mil euros por mês, uma casa cujo arrendamento em Lisboa custaria mil euros, lá custa quatro mil ou cinco mil euros. Os restaurantes bons custam 50 euros sem vinho", avalia Francisco Botelho.
Houve também um episódio em que Ana teve uma alergia e precisou de ir ao hospital: "uma das falhas que existe é a falta de medicamentos", lembra.
José Bancaleiro sublinha ainda que "o visto é a principal dificuldade para quem quer ir trabalhar para Angola." O processo de obter o visto de trabalho, válido por um ano, pode demorar um mês, implicando reunir uma lista extensa de documentação aprovada pelo Consulado de Angola. A "reacção dos angolanos, a maneira como são recebidos os estrangeiros, os riscos, a segurança, o relacionamento." podem ser outros problemas na chegada a Angola, avisa José Bancaleiro.
"O ideal é morar perto do trabalho, pois o trânsito é infernal, e para entrar em Luanda pode-se demorar duas ou três horas de ida, mais outras tantas de volta", aconselha Filipe Barros, ‘controller' na direcção financeira do Grupo Zwela. Em Angola desde 2008, o economista e consultor considera que "o mais interessante e enriquecedor é o intercâmbio de cultura e mentalidades, facilitado pela língua e o passado em comum." Mas não esquece mais conselhos úteis: "também convém conferir qual o salário depois de impostos e taxas locais, e a forma como é pago, uma vez que existem limitações no expatriamento de capitais", avisa.
"Existem dificuldades que já não sentimos tanto em Portugal, como os preços altos do arrendamento das casas, os engarrafamentos, o controlo intenso da polícia ou as falhas de água ou de luz", lamenta Filipe Barros. Porém, encantado com Angola, afirma também que "basta encarar essas situações com alguma abertura e flexibilidade para as aceitar com facilidade".
Também Francisco Botelho frisa que é preciso "que se vá ‘open minded', porque se vai encontrar um ambiente duro e se já se vai cheio de conselhos e preconceitos, tudo se torna uma preocupação".

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