Angola sem cartaz em Monróvia
| Despacho do enviado especial da ANGOP |
Sobre o jogo de quarta-feira, só os funcionários e moradores dos arredores do Complexo Desportivo Samuel Doe - também conhecido por (Liberia National Stadium) National Complex sabem com pormenor do encontro entre as selecções da Libéria e de Angola, enquanto na zona urbana a rotina não sofreu alterações, estranhando-se o facto dos jornais também nada abordarem relacionado.A dois dias do amistoso entre Libéria e Angola, jogo inserido em data FIFA, os habitantes da cidade de Monrovia, palco da partida, sabem pouco ou quase nada sobre o desafio, já que a imprensa reserva mais espaço ao desporto internacional e outras questões do país.
Depois de uma ronda pelas principais ruas da cidade, sábado e domingo, constatou-se que os habitantes centralizam as atenções nos negócios informais e na sobrevivência em face dos índices de pobreza da população, que encontra na venda ambulante de produtos como forma mais rápida de conseguir dinheiro.
“As Estrelas solitárias vão jogar aqui na quarta-feira. Poderá ser com uma selecção forte que esteve num mundial, mas não sei o nome”, disse James Hawa, ex-jogador da equipa do LPRC Oilers e actual agente da segurança do estádio, enquanto Bernard Tifoe, desempregado residente a 100 metros do recinto, assegurou que pouco importa o adversário: “teremos jogo aqui e estarei presente”.
Se do particular houve quem soubesse o mínimo, quanto ao adversário a “ignorância” é maior. Palancas Negras só mesmo no aeroporto internacional, onde agentes dos serviços migratórios se mostram atentos aos movimentos para apurar informação adicional, a já conhecida de que a selecção angolana deverá desembarcar terça-feira.
“Angola tem boa equipa. Esteve no Mundial. Trará os futebolistas que estiveram no Mundial? É forte e esperamos que o plantel chegue logo”, apontou o inspector Marshall Backford, ao passo que Lynda Fallah, também responsável policial, augura que haja jogo limpo de ambas partes e que vença o futebol.
A zona urbana é calma, ao passo que nos arredores a desordem no trânsito comanda a vida dos citadinos. Os amarelinhos (yellow taxis) e os motociclistas, apelidados de “pam pam” em função do barulho de suas buzinas (versão local das angolanas kupapatas), brigam por espaço com os pedestres e vendedores ambulantes nas ruas.
Avenidas sem semáforos, agentes reguladores de trânsito automóvel desdobram-se para evitar o pior, numa cidade onde ninguém escapa dos congestionamentos a partir das 10 horas em todos os sentidos: do subúrbio à zona urbana e vice-versa, sendo que a única via com circulação regular e rápida é a do aeroporto até ao centro da capital liberiana.
Os buracos nas vias são evidentes, assim como edifícios com marcas de guerra. Exceptuando domingo, dia consagrado ao descanso e à religião, trabalhadores chineses e locais esmeram-se em reconstruir o que a luta armada devastou.
Monróvia é a capital e a maior cidade da Libéria. Localiza-se na costa atlântica e do Cabo Mesurado, que se situa dentro do Montserrado, o condado mais populoso no país. A área metropolitana, com população estimada em um milhão 10 mil e 970 em Grande Distrito de Monróvia (censo de 2008), absorve 29% do total da população da Libéria. É o centro cultural, político e financeiro.
Fundada em 1822, Monróvia é nomeado em honra de ex-presidente norte-americano James Monroe, proeminente defensor da colonização da Libéria. Foi danificada na Guerra Civil Liberiana, nomeadamente durante o cerco de Monróvia, com muitos edifícios e quase todas as infra-estruturas destruídas.
Grandes batalhas ocorreram entre governo de Samuel Doe, forças de Prince Johnson em 1990 e com o grupo rebelde NPFL's (Frente Nacional Patriótica da Libéria), em assalto à cidade em 1992. A herança da guerra é grande à população sem-tecto de crianças e jovens, que lutam pela sobrevivência e encontram dificuldade no acesso à educação.
Sem comentários:
Enviar um comentário