8 de agosto de 2011

PALANCAS NEGRAS
Amistoso na Libéria

Angola sem cartaz em Monróvia
| Despacho do enviado especial da ANGOP |
A dois dias do amistoso entre Libéria e Angola, jogo inserido em data FIFA, os habitantes da cidade de Monrovia, palco da partida, sabem pouco ou quase nada sobre o desafio, já que a imprensa reserva mais espaço ao desporto internacional e outras questões do país.
Depois de uma ronda pelas principais ruas da cidade, sábado e domingo, constatou-se que os habitantes centralizam as atenções nos negócios informais e na sobrevivência em face dos índices de pobreza da população, que encontra na venda ambulante de produtos como forma mais rápida de conseguir dinheiro.
Sobre o jogo de quarta-feira, só os funcionários e moradores dos arredores do Complexo Desportivo Samuel Doe - também conhecido por (Liberia National Stadium) National Complex sabem com pormenor do encontro entre as selecções da Libéria e de Angola, enquanto na zona urbana a rotina não sofreu alterações, estranhando-se o facto dos jornais também nada abordarem relacionado.
“As Estrelas solitárias vão jogar aqui na quarta-feira. Poderá ser com uma selecção forte que esteve num mundial, mas não sei o nome”, disse James Hawa, ex-jogador da equipa do LPRC Oilers e actual agente da segurança do estádio, enquanto Bernard Tifoe, desempregado residente a 100 metros do recinto, assegurou que pouco importa o adversário: “teremos jogo aqui e estarei presente”. Se do particular houve quem soubesse o mínimo, quanto ao adversário a “ignorância” é maior. Palancas Negras só mesmo no aeroporto internacional, onde agentes dos serviços migratórios se mostram atentos aos movimentos para apurar informação adicional, a já conhecida de que a selecção angolana deverá desembarcar terça-feira. “Angola tem boa equipa. Esteve no Mundial. Trará os futebolistas que estiveram no Mundial? É forte e esperamos que o plantel chegue logo”, apontou o inspector Marshall Backford, ao passo que Lynda Fallah, também responsável policial, augura que haja jogo limpo de ambas partes e que vença o futebol. A zona urbana é calma, ao passo que nos arredores a desordem no trânsito comanda a vida dos citadinos. Os amarelinhos (yellow taxis) e os motociclistas, apelidados de “pam pam” em função do barulho de suas buzinas (versão local das angolanas kupapatas), brigam por espaço com os pedestres e vendedores ambulantes nas ruas. Avenidas sem semáforos, agentes reguladores de trânsito automóvel desdobram-se para evitar o pior, numa cidade onde ninguém escapa dos congestionamentos a partir das 10 horas em todos os sentidos: do subúrbio à zona urbana e vice-versa, sendo que a única via com circulação regular e rápida é a do aeroporto até ao centro da capital liberiana. Os buracos nas vias são evidentes, assim como edifícios com marcas de guerra. Exceptuando domingo, dia consagrado ao descanso e à religião, trabalhadores chineses e locais esmeram-se em reconstruir o que a luta armada devastou. Monróvia é a capital e a maior cidade da Libéria. Localiza-se na costa atlântica e do Cabo Mesurado, que se situa dentro do Montserrado, o condado mais populoso no país. A área metropolitana, com população estimada em um milhão 10 mil e 970 em Grande Distrito de Monróvia (censo de 2008), absorve 29% do total da população da Libéria. É o centro cultural, político e financeiro. Fundada em 1822, Monróvia é nomeado em honra de ex-presidente norte-americano James Monroe, proeminente defensor da colonização da Libéria. Foi danificada na Guerra Civil Liberiana, nomeadamente durante o cerco de Monróvia, com muitos edifícios e quase todas as infra-estruturas destruídas. Grandes batalhas ocorreram entre governo de Samuel Doe, forças de Prince Johnson em 1990 e com o grupo rebelde NPFL's (Frente Nacional Patriótica da Libéria), em assalto à cidade em 1992. A herança da guerra é grande à população sem-tecto de crianças e jovens, que lutam pela sobrevivência e encontram dificuldade no acesso à educação.

Sem comentários:

Enviar um comentário