22 de outubro de 2011

ANGOLA - BRASIL


Presidente do Brasil
no abraço fraternal aos povo angolano

José Eduardo dos Santos e Dilma Rousseff

 lançaram as bases para a consolidação e alargamento das relações

 de cooperação entre ambos os países

Fotografia: Francisco Bernardo | Jornal de Angola
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Dilma Rousseff e José Eduardo dos Santos reuniram-se, ontem, no Palácio Presidencial da Cidade Alta, para avaliar a cooperação entre o Brasil e Angola.
Cientes da grave crise financeira que o mundo enfrenta, os dois líderes decidiram reavaliar os principais acordos, afim de dinamizar e, nalguns casos alargar, o âmbito de aplicação para relançar a cooperação bilateral.
Concentrados na necessidade de se conferir maior pragmatismo à cooperação, os líderes das economias que mais crescem no espaço lusófono decidiram substituir a agenda inicial que previa um encontro privado entre ambos e, simultaneamente, conversações entre delegações ministeriais, por uma reunião em que cada um deles se fez acompanhar de apenas alguns ministros.
Do lado anfitrião, acompanharam o Presidente o ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Carlos Feijó, os ministros da Relações Exteriores, George Chicoty, do Planeamento, Ana Dias Lourenço, e da Indústria, Joaquim David.
A acompanhar a Presidente Dilma Rousseff estiveram os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, da Igualdade Racial, Luzia Helena de Bairros, e das Relações Exteriores, António Patriota.
O encontro, que antecedeu o almoço oficial, oferecido pelo Presidente José Eduardo dos Santos, não produziu qualquer acordo, tendo as partes ficado pela revisão dos instrumentos jurídicos existentes desde a década de 1980.
No discurso ao almoço oficial, o Presidente angolano reconheceu que, “apesar de existir, desde 23 de Junho de 2010, uma parceria estratégica entre Angola e o Brasil”, a cooperação “pode ser ainda mais alargada”.  José Eduardo dos Santos sublinhou que para o alargamento da cooperação bilateral basta serem definidos “os mecanismos necessários para que ela abranja também outras áreas de interesse preferencial para ambos os países”.
O Chefe de Estado angolano apontou, como preferenciais no novo prisma da cooperação com o Brasil, preocupações como a erradicação da pobreza extrema e a fome, a universalização do ensino, a valorização do género e a redução da mortalidade infantil, num claro sinal de reconhecimento dos excelentes resultados dos programas desenvolvidos naquele país da América do Sul.
Embora considere importante a cooperação com o Brasil, nas áreas da construção civil, da energia e da exploração mineira, que se tem reflectido nos avanços substanciais em matéria de expansão da rede escolar e sanitária, e no combate à fome e à pobreza, José Eduardo dos Santos considerou que “continua a existir um mundo de potencialidades e de oportunidades a explorar com benefícios mútuos”.
O Chefe de Estado angolano frisou ser de grande importância para Angola a concertação de posições com o Brasil no plano político e diplomático. “Representa uma mais-valia podermos defender posições comuns sobre a necessidade de uma nova ordem mundial e sobre as grandes questões que ainda preocupam a Humanidade, como a fome e a pobreza, o terrorismo, os crimes e tráficos transfronteiriços, as alterações climáticas e as grandes endemias”, disse.
José Eduardo dos Santos realçou o facto de Angola e o Brasil adoptarem uma política de cooperação pacífica, assente em valores democráticos e em economias abertas voltadas para o desenvolvimento, no quadro das organizações regionais em que estão inseridos, acrescentando que se trata do mesmo espírito que tem presidido a cooperação no âmbito da CPLP.




Brasil tem apoio de Angola


O Presidente angolano também salientou que, além de justa, é “legítima a aspiração do Brasil de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, por considerar que, a acontecer, se está a “dar voz não apenas a um dos países com maior estabilidade e crescimento a nível mundial”, mas uma das nações que tem dado um “efectivo contributo para a solução de alguns dos principais problemas do mundo actual”.
José Eduardo dos Santos disse que o Brasil no Conselho de Segurança da ONU era também a garantia de uma “melhor cooperação sul-sul” e que “a voz de outros países emergentes”, como Angola, passava a ser também tida em consideração “na hora de se tomarem decisões de interesse global”.




Uma Nação admirável




Dilma Rousseff referiu-se a Angola como “uma Nação admirável que renasce do conflito das lutas dolorosas pela libertação nacional, que caminha a passos largos na realização de um destino de grandeza”. Angola, realçou, emerge como factor de estabilidade e vigor político neste vasto continente.
Dilma Rousseff frisou, igualmente, que no discurso do Presidente José Eduardo dos Santos, na Assembleia Nacional, para a abertura do Ano Legislativo, pôde identificar “conceitos e objectivos” que irmanam os dois povos e países “num só compromisso com políticas capazes de evitarem a recessão e combater a fome e a pobreza”.
A Presidente brasileira falou também das relações comerciais entre os dois países e da tendência ascendente em que se apresentam.
“Embora sabendo que pode ser expandido e melhorado muito mais, o comércio bilateral apresenta tendência ascendente. Em 2010, Angola foi o terceiro maior mercado para os produtos brasileiros em África e o quarto maior exportador africano para o Brasil”, referiu.
“Na nossa parceria estratégica, faremos mais”, garantiu.
A Chefe de Estado do Brasil afirmou que a presença empenhada de empresas brasileiras em Angola reflecte a vitalidade dos vínculos económicos bilaterais e que “os investimentos crescentes traduzem sentimento de confiança mútua” entre os dois povos, as duas economias e os dois Governos.
Dilma revelou que o seu Governo providencia uma missão empresarial para Angola e expressou confiança num novo impulso das relações comerciais, a partir dessa altura. “Esse processo receberá novo ímpeto, não tenho dúvidas, com a vinda da missão empresarial brasileira a Luanda e com as relações diplomáticas sistemáticas que ligam os nossos povos”, disse.



Um mundo mais justo





Tal como o Presidente angolano, Dilma Rousseff também fez alusão à crise no actual quadro das relações internacionais e realçou a postura de Angola. “O Brasil alia-se a Angola na construção de um mundo mais justo, mais seguro e mais solidário”, afirmou.
 “Aos povos em guerra este país é exemplo de como é possível construir a paz, de como é possível a reconstrução nacional no pleno gozo das liberdades democráticas”, elogiou, recordando que é com essa perspectiva que Angola e o Brasil trabalham juntos na Guiné-Bissau.
Dilma Rousseff reafirmou o convite ao homólogo angolano para participar numa conferência sobre Meio Ambiente Desenvolvimento Sustentável e Inclusão Social, a “Rio + 20”, que se realiza no Rio de Janeiro, de 4 a 6 de Junho de 2012.


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